EU TENHO UM SONHO

Você já percebeu que a maioria das pessoas lá fora não acredita no sonho?

Eu não sei você, mas eu mesma já fui assim: totalmente pragmática e nada sonhadora. E pior, ainda achava que a ambição era algo negativo. Me contentava em querer uma casa linda de revista, um cachorro labrador e fazer uma viagem pela Europa, onde passearia de bicicleta por floridas estradinhas.

Achava que sonho grande era para gente que tinha muito dinheiro, tanto que nem precisava
trabalhar para pagar as contas. E esse nunca foi o meu caso.

Um dia descobri, que tinha mais gente como eu, com os tetos bem baixos, mas também tinha gente que sonhava alto, grande, que tinha vontade de mudar o mundo.

Percebi, depois, que minhas crenças estavam me limitando e resolvi, então ressignificá-las. Foi aí que comecei um longo processo de cura, de mim mesma.

Até que um dia, consegui me libertar e comecei a acreditar mais em mim, nas pessoas, no sonho e na possibilidade de, juntos, fazermos do mundo um lugar melhor. Comecei a sonhar cada vez mais alto. Para muitos, utopia.

Fui, então, procurar descobrir porque tantas pessoas não se achavam merecedoras de sonhar e ter ambições.

Encontrei respostas bem concretas, analisando os resultados de um exame internacional (PISA), que vem sendo realizado desde 2000, com garotos de 15 anos em mais de 80 países.

As respostas que mais me chamaram a atenção foram dadas à seguinte afirmação: “eu me vejo como uma pessoa ambiciosa”. Fazendo-se uma comparação entre as respostas dos americanos e dos brasileiros, verificamos uma diferença de 46,88 pontos, quando se analisava o quesito discordo. Enquanto os americanos apresentaram o menor índice 1,47% para discordo plenamente e 11,54% para discordo, os brasileiros apresentaram 19,23% e 40,65%, respectivamente.

Os dados mostram o quanto os brasileiros não se consideram ambiciosos.  Isso me fez lembrar de uma outra afirmação do senso comum: o sonho do brasileiro é comprar o primeiro carro zero, enquanto que do americano é ter o primeiro milhão.

Percebi que havia coerência nisso e a diferença nos resultados me incomodou profundamente.

Dentre as várias possíveis explicações estava a herança cultural.
Recentemente, vi um post sobre a palavra obrigado, que confirmava a mesma ideia.

Não sou linguista, mas me indaguei: onde tudo isso começou?
O quanto o sentido das palavras afeta nossa vida?

E foi no dicionário da Língua Portuguesa e Inglesa que percebi o quanto uma Língua pode impor, sem que percebamos, crenças fortalecedoras ou limitantes.

Considerando a força que a Língua manter tem na construção cultural, não é preciso esforço para perceber porque tantos brasileiros não acreditam no sonho ou não se consideram ambiciosos.

Com certeza a conotação negativa dada pela Língua reforça a crença limitante de que sonhos são impossíveis.
Por isso, o primeiro passo para você sonhar é ressignificar as palavras sonho e ambição.

É você escolher que sentido quer dar a cada uma dessas palavras.

E, acredite, se todos fizermos isso, um dia, nossos dicionários poderão ser alterados e nós seremos um povo muito mais empoderado, no sentido de assumirmos as rédeas de nosso desenvolvimento.

Por isso, criei para mim um novo significado da palavra sonho que quero apresentar a você: sonho é visão positiva de mundo, guardada no coração e esperando para ser realizada.

Ambição é o desejo imparável que tenho de realizar meu sonho de fazer do mundo um lugar melhor.

E agora quero convidar você a fazer o mesmo e voltar a sonhar, para que juntos possamos reconstruir o mundo em que queremos viver.

Lili Vieira