Tirar um tempo para ajudar seu filho a ter uma carreira de sucesso pode ser um
presente para você também.

Se você nunca teve um projeto de vida, é normal que tenha dificuldade ou se sinta
incapaz de ajudar seu filho. Mas, para tudo tem um jeito.
Fique com a gente até o final e vamos te ajudar a entender, começando do início:
afinal, o que é um projeto de vida?
E se eu ainda não tenho um, como posso ajudar
meu filho?

O que é um Projeto de vida?

Projeto de vida é a materialização do poder de escolher o que quer ser, ter ou fazer no
futuro. Mas não só isso. O projeto de vida é um plano, uma proposta de caminho para
você trilhar e alcançar, passo-a-passo, um objetivo previamente definido.

Para quê tenho que ter um Projeto de vida?

Você não é obrigado a ter um projeto de vida formal. Algumas pessoas o têm apenas
intuitivamente e vão alinhando suas ações para alcançar um objetivo maior, além de
simplesmente pagar as contas e sobreviver. Quando se tem um projeto de vida, há
mais clareza sobre aquilo que te move. Aquilo que te faz levantar da cama todos os
dias e seguir em frente. E, quando há clareza, não só a tomada de decisão fica mais
leve e fácil, mas você aumenta suas chances de alcançar o objetivo definido.

Porquê o MEC está exigindo que as famílias participem da elaboração do Projeto
de vida de seus filhos?

Antes de responder a sua pergunta, vamos à notícia do dia: o Diário Oficial da União
publicou hoje a Portaria nº 571, de 2 de agosto de 2021, que institui o Programa
Educação e Família. A finalidade é “fomentar e qualificar a participação da família na
vida escolar do estudante e na construção do seu projeto de vida”. Aplica-se, por
enquanto apenas às escolas públicas de educação básica, que compreende ensino
infantil e fundamental, que vai até o nono ano.

A terminologia Projeto de vida fará parte da realidade dos estudantes do Novo Ensino
Médio, que começa a ser implementado nas escolas públicas e privadas do país a
partir de 2022. O Cronograma Nacional de Implementação do Novo Ensino Médio, foi
definido pela Portaria nº 521, de 13 de julho de 2021, que estabeleceu 2022 para a
implementação dos referenciais curriculares no 1º ano do ensino médio; 2023 para
nos 1º e 2º anos do ensino médio e 2024 para implementação em todos os anos do
ensino médio.

No art. 1º, a nova portaria estabelece que o foco, para fomentar a participação das
famílias é “o processo de reflexão sobre o que cada estudante quer ser no futuro e no
planejamento de ações para construir esse futuro”.

A discussão sobre a reforma do Ensino médio e a inclusão curricular do projeto de
vida não é nova. Em 2016, a Medida Provisória nº 746, de 22 de setembro de 2016
alterou substancialmente a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional (LDB). Posteriormente após uma curta
discussão no Congresso Nacional, a MP foi convertida na Lei n o 13.415/2017.

Dentre as mudanças, a LDB recebeu um novo dispositivo: o art. 35-A. Nele foi
estabelecido, no § 7 o que o aluno escolherá os componentes curriculares do Ensino
Médio de acordo com seu projeto de vida, mas mais importante que “os currículos do
ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar
um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos
aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais”.

As mudanças contaram com o aplauso de muitos, mas também duras críticas. Dentre
elas, a mais ouvida entre os pais, é que os alunos de 13, 14 anos não têm condições
de fazer escolhas. Ouso discordar dessa afirmação, mas compreendo que essa ainda
é a realidade de muitos alunos. Especialmente aqueles em que as famílias não falam
sobre sonhos, ideias e a possibilidade de um mundo melhor!
Trazer a família para colaborar no processo de elaboração do projeto de vida dos
filhos é, portanto, fundamental.

Primeiro, para que não se perca o trabalho da escola na busca por despertar os
alunos para o que querem ser no futuro e na elaboração de um plano de ação para
chegar lá.

Segundo, porque é, infelizmente, nas famílias, onde se encontram a maioria dos
ladrões de sonho. E, pasmem, em geral, eles fazem isso por amor. Sem perceber,
pais, irmãos e parentes próximos:

a) reagem de forma negativa aos grandes sonhos dos filhos por medo que sofram
decepções;
b) não acreditam no potencial de seus filhos, porque não têm tempo de observar
as forças e capacidades que têm e acabam dando maior atenção às questões
mais marcantes que, geralmente, dificultam o relacionamento e a vida;
c) analisam a situação dos filhos a partir da própria realidade e dos sonhos que
não conseguiram realizar e impedem os filhos de enxergar as infinitas
possibilidades de realização;
d) querem que os filhos realizem os sonhos que não conseguiram e os
pressionam a seguir carreiras que nada tem a ver com o que eles querem ser
no futuro.

Hoje, o Projeto de Vida integra, tmbém, as competências gerais da Base Nacional
Comum Curricular:

Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia,
consciência crítica e responsabilidade.

A presença do Projeto de Vida na BNCC é bastante interessante. Especialmente
porque reconhece que para fins didáticos, o conhecimento foi fragmentado e isso
dificulta a compreensão dos alunos. É como se cada um tecesse com o conhecimento
que vai adquirindo ao longo da vida, vários retalhos.

Enquanto eles não estão unidos fica muito difícil ter a mínima compreensão do todo,
para que se consiga visualizar como aplicar esse conhecimento no dia a dia.
Essa percepção é fundamental para que o aluno se veja como protagonista da
própria história.
Uma história que ele pode construir, a partir das escolhas que fizer e não
simplesmente se deixar levar ao sabor das circunstancias, para repetir a
história de tantas pessoas que trabalham para simplesmente pagar as
contas e ser feliz após a aposentadoria, que não sabe se vai chegar.

Parte das terminologias dos itinerários formativos que encontram-se, hoje na LDB, por
força das alterações de 2017, já eram utilizadas nas provas do ENEM desde 2009:

Art. 36.  O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional
Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por
meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o
contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:     
I – linguagens e suas tecnologias;     
II – matemática e suas tecnologias;    
III – ciências da natureza e suas tecnologias;  
IV – ciências humanas e sociais aplicadas;  
V – formação técnica e profissional.
[…]

De lá para cá, as escolas vêm se adaptando para implementar os novos itinerários
formativos a partir de 2022, conforme visto anteriormente. Em 2019, inclusive, o FNDE
fez chamadas para seleção de livros didáticos específicos para o Programa Nacional
do Livro e do Material Didático – PNLD 2021 – Objeto 1 – Obras de Projetos
Integradores e Projeto de Vida. Como toda mudança, o novo Ensino Médio deixará
todos – alunos, professores, dirigentes e pais – desconfortáveis.

Vai levar um tempo para que as novas diretrizes sejam experimentadas e os resultados mostrem o acerto. A proposta promete mais motivação para os alunos, que estarão estudando no
presente, sabendo ou pelo menos tendo uma noção, de onde querem estar no futuro.
O que muitas pessoas não sabem é que esse objetivo e plano, para terem chance de
êxito, necessitam ser traçados a partir de alguns requisitos:

a) sonho;
b) forças e competências;
c) valores.

E, para que o projeto se transforme em realidade exigirá:

a) conhecimento;
b) palavra;
c) trabalho;
d) associação

E isso é assunto para vários encontros e reflexões.
Que tal começar se perguntando e perguntando ao seu filho “qual é o seu maior sonho
de vida, que faz do mundo um lugar melhor?”

Gostou? Compartilhe!

Veja também

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *